sexta-feira, novembro 09, 2007

- Vá-se lá saber porquê



Houve alguém que disse que o futuro é já amanhã, e a cada dia que passa mais tenho a certeza do fundamento dessa afirmação como sendo a mais correcta do ponto de vista que a minha necessidade de que o amanhã me traga futuro.
Sei que provavelmente é apenas uma débil leitura da dualidade das palavras, mas não posso deixar de marcar essa dualidade como sendo um, embora ténue, argumento de vida.
Mas uma visão pessimista, mas infelizmente real, dessa mesma frase, também nos faz reflectir, pois o amanhã é eterno e a realidade é que a eternidade é muito tempo.
Confuso? Eu explico.
Existem as pessoas que julgam as coisas, como ver o pôr do Sol porque o entardecer está bem na frente dos olhos. Mas também existem outras que tomam consciência que do outro lado do globo está a ocorrer precisamente o contrário.
A dualidade é inerente à vida portanto.
Assim, na eventual confusão que se gera na minha mente, torna-se inevitável que a tome como normal, como sendo parte integrante de mim.
Desse modo, e apenas assim, creio ser facto que a reflexão de tudo o que se passa no nosso quotidiano não torna as coisas garantidas, de modo algum, mas sim subjectivas, na medida precisa das nossas definições quanto à sua própria existência.
É ponto assente que as nossas decisões, sejam elas quais forem, nem sempre são as mais correctas. É claro que o que seria considerado normal, no tocante a essas mesmas decisões, seria a real proposta pessoal a uma tomada de partido.
Confuso? Eu explico.
Existem pessoas que consideram o acto de oferecer flores romântico, bonito e até benéfico para pessoa que as recebe. Assim como aquelas que consideram que esse mesmo acto, além de normalmente não negarem a beleza do mesmo, acharem que se a oferta tomar em consideração as próprias flores, que inevitavelmente murcharão, sendo seres vivos desenraizados, seria assim preferivél que a oferta fosse feita em flores de papel, pois tornaria o gesto mais durável sem a lenta agonia da flor e efémero da situação.
Creio assim, a dualidade de que falo, torna-se, de um modo geral, e à medida que a vivemos, clarificada pelos próprios actos.
A procura do que está certo ou errado é constante exactamente porque essa procura pode eventualmente mudar o decurso da situação, pois o que hoje aparenta ser rotundamente certo, amanhã corre o risco de ser obviamente errado. Felizmente ou não, não há certezas absolutas.
Confuso? Eu explico.
Todos, sem excepção, cremos em algo, exactamente como os antigos acreditavam piamente que o Sol era a representação física de um Deus até descobrirem que era mais um astro entre milhares de milhões. Ou a pessoa que frequentava a igreja sistematicamente, até tomar consciência que lhe omitiram factos de suma importância para a sua própria consciência religiosa.
Com isto não quero de modo algum, fazer crer que a fé em é algo éfemera, pois creio que a fé, como o próprio nome indica, é a crença em algo maior, e necessitamos dela para obter fundamentos para a nossa procura, a nossa senda pessoal. Apenas afirmo que devemos saber que mesmo que encontremos aquilo que até então julgávamos procurar, não podemos garantir que "aquilo", seja definitivo.

1 comentário:

Susana G Santos disse...

Nada confusa :)
Mas com muito material de reflexao depois de ler este 'post'...
Pena que tanta gente continue a acreditar e bater-se por 'verdades' unilaterais e imutaveis.

Fabuloso! Parabens!